O Teatro Municipal do Porto

O Porto não precisa de uma Guarda Pretoriana
Tendo tomado conhecimento dos factos alegados pela Companhia A Turma, pelo Teatro Municipal do Porto e pela Regina Guimarães, a PLATEIA vem demonstrar o seu mais profundo repúdio por uma atitude em que o Teatro Municipal do Porto replica o que de pior caracterizou os três mandatos de Rui Rio. E o pior é que com o outro Rui, pelo menos as coisas eram às claras. Com este Rui, não.
Durante 12 anos, o Presidente da Câmara, Rui Rio, assumiu-se como o censor-mor da cidade, inserindo nos contratos de financiamento a seguinte cláusula:
"[O segundo outorgante] deve abster-se de, publicamente, expressar críticas que ponham em causa o bom-nome e a imagem do município do Porto, enquanto entidade co-financiadora da actividade."
Inconstitucional e digna de do déspota (mal) iluminado que geria a cidade, o articulado tinha a vantagem de deixar tudo em pratos limpos e pelo menos já sabíamos do que gastava a casa.
Agora é mais complexo: Ao que parece temos um Presidente de Câmara, Rui Moreira, desprendido e tolerante, para quem cada um pode dizer e escrever o que bem entender a seu respeito, mesmo no quadro de coproduções com a autarquia.
Mas teremos, entrincheirada no Teatro Municipal, uma Guarda Pretoriana que assume, sem qualquer mandato, a demarcação de um território em que nenhuma palavra de crítica ao município pode ser tolerada. Foi assim aquando da não realização, em setembro, do projeto de abertura da temporada no Teatro Municipal, foi assim, em outubro, no lançamento de um livro no Teatro Rivoli, foi assim na eliminação da folha de sala do espetáculo "Turismo" por causa de uma nota de rodapé. Ao mais pequeno sinal, a (ilegítima) Guarda Pretoriana do Presidente levanta obstáculos, grita e apaga.
Solicitamos assim ao executivo da Câmara Municipal - e à Assembleia Municipal - que proceda, com efeito imediato, à extinção desta Guarda Pretoriana.
O Porto não precisa dela.