PLATEIA

Apesar de um aumento de verbas para o Ministério da Cultura, que salutamos, esta área mantém um peso relativo irrisório face ao total das despesas do Estado, representando bem menos de meio ponto percentual. Reforçamos que a recomendação da UNESCO é de 1% do PIB de investimento público na Cultura. Este aumento de 18% fica muito aquém e, mesmo o aumento de 50% do orçamento até ao fim do mandato é insuficiente para desenvolver políticas que de facto garantam os direitos culturais da população. Consideramos que é necessário um reforço mais significativo para “mitigar os défices crónicos desta área governativa e que promova a efetiva descentralização, valorize a relevância dos criadores e dos diferentes atores culturais, apoie a dignificação das estruturas de programação e dos artistas independentes e defenda o princípio da livre criação.” (Programa XXIV Governo Constitucional). Tal só acontecerá com um verdadeiro salto quantitativo e qualitativo nas políticas culturais. É possível ir mais...

No passado dia 4 de outubro, o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, conduziu uma conversa na sua residência oficial com o mote “Projetar Portugal - Conversas em São Bento sobre o Futuro do País: Cultura". É de saudar que a cultura tenha sido escolhida como o tema inaugural desta “série de conversas informais cujo objetivo é ouvir personalidades influentes e especialistas de diversas áreas, recolhendo contributos para moldar o futuro do país.” No entanto, é grave a falta de diversidade de vozes e o facto de se ignorarem as entidades coletivas e representativas das diferentes áreas artísticas, que se têm dedicado, ao longo de anos, à reflexão conjunta, promovendo a discussão e intervenção acerca das políticas culturais. A construção do futuro cultural do país requer a inclusão de todas as áreas artísticas e a diversidade de vozes e perspectivas. É fundamental que as entidades representativas sejam envolvidas nesse diálogo.

A PLATEIA está a organizar uma conversa sobre Assédio Laboral Nas Artes Performativas, que acontecerá no próximo dia 19 de outubro, pelas 15h, na Biblioteca Palácio Galveias em Lisboa. Não é a primeira vez que a Plateia organiza encontros e debates sobre este tema, esta conversa tem a particularidade de ter como público-alvo estudantes de Artes Performativas, sendo que tod@s as pessoas interessadas estão convidadas - a entrada é gratuita. Existe a necessidade e urgência de falar sobre este tema. A desinformação é profunda e a cultura do próprio sector promove práticas de assédio que são estruturais. A informalidade, a intermitência, a precariedade e a curta duração dos vínculos laborais são terrenos férteis para o assédio. Muitos trabalhadores do sector desconhecem o que pode ser considerado assédio (laboral, moral, sexual) e quais são os mecanismos de denúncia. E se os profissionais do sector estão desinformados em relação a este tema, os estudantes de artes performativas precisam, de...