Na ordem do dia (Mundial da Dança)
A diversidade, projecção e complexidade da Dança Contemporânea produzida em Portugal continua a ser um fenómeno que merece atenção e cuja evolução tem resultado de um esforço contínuo e concertado entre criadores, estruturas, associações e profissionais das mais diversas áreas.
Embora as definições de fronteiras entre a Dança Contemporânea, outras formas de Dança e outras disciplinas artísticas estejam permanentemente em diálogo e actualização, há um número considerável de artistas que desenvolvem o seu trabalho neste território, numa multiplicidade de abordagens, de metodologias de trabalho, de relações com o meio, com a comunidade onde se inserem, de relações com a história e com a prática coreográfica.
Esta democratização da actividade criativa cruza gerações, áreas geográficas e de formação, imaginários, objectivos. Cruza formas de organização, de fabricação, de estruturação da produção.
Esta Dança plural, heterogénea e eclética, que existe numa variedade de escalas, de meios de difusão e distribuição, que valoriza o processo criativo, que, em muitos casos, existe enquanto um fazer contínuo que não se esgota num único objecto, continua a lutar pelo reconhecimento, pelo respeito da sua singularidade. Continua a tentar erradicar a precariedade das suas condições de trabalho e a prejudicial descontinuidade provocada pela falta de uma política cultural consequente e dinamizadora.
O fortalecimento do tecido criativo tem sido possível através da sua capacidade de conexão, de ligação e de inter-ajuda, e da permeabilidade das estruturas, que funcionam muitas vezes como plataformas de criação e difusão.
Não obstante alguns esforços positivos por parte do poder político, continuam a existir fortes problemas estruturais ligados ao funcionamento dos organismos do Estado que provocam dificuldades na articulação e cooperação com as estruturas ligadas à criação artística. A indefinição de princípios e objectivos, por parte do poder central, a curto, médio e longo prazo, tem sido um dos principais obstáculos à continuidade e ao desenvolvimento do diálogo.
Perante a indefinição e desarticulação da política cultural para o sector da criação contemporânea, a criação/extinção de organismos e institutos, a alternância constante de interlocutores, é impossível alcançar condições mais estáveis para o desenvolvimento da nossa actividade.
Sobre a política cultural ou a falta dela
O desenvolvimento da arte contemporânea, deve partir de uma visão estratégica e deve ser considerado um encargo/investimento natural do Estado. Este investimento não deve ser exclusivamente do Ministério da Cultura, e deve subtrair a criação e a difusão, a nível nacional e internacional, à lógica de mercado a que não pertence.
Continuamos a exigir a implementação e aplicação de medidas de fundo que possam efectivamente impulsionar o crescimento e melhorar as nossas condições de trabalho:
Não existe uma estratégia integrada de financiamento à produção e difusão dos agentes privados, das estruturas de iniciativa municipal e das estatais;
Não existe uma política clara sobre descentralização;
Não existe qualquer programa consistente de internacionalização;
Não existem programas de formação e sensibilização de públicos;
Não existe um enquadramento legal adequado às profissões das artes cénicas.
Continuamos a lutar para reduzir a distância entre os organismos responsáveis pela cultura e a realidade sócio-profissional da nossa actividade.
A existência de associações como a REDE e a PLATEIA, é prova da disponibilidade crítica e reflexo da necessidade de uma articulação conjunta e permanente entre profissionais, comunidade e poder político.
Um esforço conjunto
A presente Maratona de Dança Contemporânea concretiza um esforço comunitário, existe como uma forma de chamar a atenção, de alcançar a visibilidade muitas vezes ausente no quotidiano dos profissionais do sector. Ao longo de seis horas, vários artistas residentes em Portugal irão apresentar excertos do seu trabalho, ou intervenções especialmente concebidas para o evento. Pretende-se um momento de festa, de encontro, de reflexão. Como proposta de descentralização, a presente maratona realiza-se no Porto, de forma a promover a criação fora da capital e em resposta à dinamização cultural que se tem verificado, de forma nem sempre contínua, na região. O programa contempla uma mostra paralela de vídeos e uma conversa com os intervenientes, continuando, no dia 30, no Teatro Camões, em Lisboa, com a realização de debates centrados em alguns dos temas que mais preocupam a nossa classe profissional.
Dia Mundial da Dança 2006
PLATEIA associação de profissionais das artes cénicas
REDE associação de estruturas para a dança contemporânea
Embora as definições de fronteiras entre a Dança Contemporânea, outras formas de Dança e outras disciplinas artísticas estejam permanentemente em diálogo e actualização, há um número considerável de artistas que desenvolvem o seu trabalho neste território, numa multiplicidade de abordagens, de metodologias de trabalho, de relações com o meio, com a comunidade onde se inserem, de relações com a história e com a prática coreográfica.
Esta democratização da actividade criativa cruza gerações, áreas geográficas e de formação, imaginários, objectivos. Cruza formas de organização, de fabricação, de estruturação da produção.
Esta Dança plural, heterogénea e eclética, que existe numa variedade de escalas, de meios de difusão e distribuição, que valoriza o processo criativo, que, em muitos casos, existe enquanto um fazer contínuo que não se esgota num único objecto, continua a lutar pelo reconhecimento, pelo respeito da sua singularidade. Continua a tentar erradicar a precariedade das suas condições de trabalho e a prejudicial descontinuidade provocada pela falta de uma política cultural consequente e dinamizadora.
O fortalecimento do tecido criativo tem sido possível através da sua capacidade de conexão, de ligação e de inter-ajuda, e da permeabilidade das estruturas, que funcionam muitas vezes como plataformas de criação e difusão.
Não obstante alguns esforços positivos por parte do poder político, continuam a existir fortes problemas estruturais ligados ao funcionamento dos organismos do Estado que provocam dificuldades na articulação e cooperação com as estruturas ligadas à criação artística. A indefinição de princípios e objectivos, por parte do poder central, a curto, médio e longo prazo, tem sido um dos principais obstáculos à continuidade e ao desenvolvimento do diálogo.
Perante a indefinição e desarticulação da política cultural para o sector da criação contemporânea, a criação/extinção de organismos e institutos, a alternância constante de interlocutores, é impossível alcançar condições mais estáveis para o desenvolvimento da nossa actividade.
Sobre a política cultural ou a falta dela
O desenvolvimento da arte contemporânea, deve partir de uma visão estratégica e deve ser considerado um encargo/investimento natural do Estado. Este investimento não deve ser exclusivamente do Ministério da Cultura, e deve subtrair a criação e a difusão, a nível nacional e internacional, à lógica de mercado a que não pertence.
Continuamos a exigir a implementação e aplicação de medidas de fundo que possam efectivamente impulsionar o crescimento e melhorar as nossas condições de trabalho:
Não existe uma estratégia integrada de financiamento à produção e difusão dos agentes privados, das estruturas de iniciativa municipal e das estatais;
Não existe uma política clara sobre descentralização;
Não existe qualquer programa consistente de internacionalização;
Não existem programas de formação e sensibilização de públicos;
Não existe um enquadramento legal adequado às profissões das artes cénicas.
Continuamos a lutar para reduzir a distância entre os organismos responsáveis pela cultura e a realidade sócio-profissional da nossa actividade.
A existência de associações como a REDE e a PLATEIA, é prova da disponibilidade crítica e reflexo da necessidade de uma articulação conjunta e permanente entre profissionais, comunidade e poder político.
Um esforço conjunto
A presente Maratona de Dança Contemporânea concretiza um esforço comunitário, existe como uma forma de chamar a atenção, de alcançar a visibilidade muitas vezes ausente no quotidiano dos profissionais do sector. Ao longo de seis horas, vários artistas residentes em Portugal irão apresentar excertos do seu trabalho, ou intervenções especialmente concebidas para o evento. Pretende-se um momento de festa, de encontro, de reflexão. Como proposta de descentralização, a presente maratona realiza-se no Porto, de forma a promover a criação fora da capital e em resposta à dinamização cultural que se tem verificado, de forma nem sempre contínua, na região. O programa contempla uma mostra paralela de vídeos e uma conversa com os intervenientes, continuando, no dia 30, no Teatro Camões, em Lisboa, com a realização de debates centrados em alguns dos temas que mais preocupam a nossa classe profissional.
Dia Mundial da Dança 2006
PLATEIA associação de profissionais das artes cénicas
REDE associação de estruturas para a dança contemporânea