O estranho caso dos apoios anuais desaparecidos

Em novembro de 2013, o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier assegurava a vários jornais nacionais (1) que iria procurar forma de lançar todos os concursos de apoios às artes.
A 10 de março de 2014, a Direção Geral das Artes abre os concursos para os apoios pontuais e à internacionalização, mas é omissa em relação aos apoios anuais, que parecem ter ficado perdidos numa gaveta qualquer.

Esta é uma situação desastrosa, que agrava as já precárias condições de trabalho de muitos artistas e criadores portugueses e demonstra, no mínimo, falta de competência ou empenho por parte do Secretário de Estado da Cultura. Adicionalmente, os apoios à internacionalização sofrem também cortes, encurralando as possibilidades de a arte portuguesa saltar fronteiras.
A Direção Geral das Artes justifica-se com a “data de libertação das verbas”, dando assim a entender, claramente, que não haverá apoios anuais este ano. Ao tomar esta decisão, o governo está a impedir o crescimento de jovens artistas já com provas dadas e mérito reconhecido pela própria DGArtes, e a boicotar a existência de programações sustentadas ao longo do tempo, reduzindo o panorama artístico português a um conjunto de eventos esporádicos, com poucas possibilidades de terem a continuidade que efetivamente cria públicos e constrói uma paisagem cultural e artística dinâmicas.

É essa a política que o senhor Secretário de Estado deseja para a cultura em Portugal?
Será que ao atual governo só interessa a cultura exportável, dispersa e sem real impacto na sociedade?

(1) Público (http://www.publico.pt/politica/noticia/sec-esta-ainda-a-procurar-solucoes-para-lancar-apoio-as-artes-em-2014-1611672) e I Online (http://www.ionline.pt/artigos/mais/direccao-geral-das-artes-vai-receber-menos-55-milhoes)