Serão boas contas quando não se mostram os números todos?
A Direção Geral das Artes anunciou no passado dia 12 de junho o primeiro Boletim Trimestral de Apoio às Artes (1), cujo objetivo é “reportar as atividades desenvolvidas pelas entidades artísticas apoiadas no âmbito dos programas de financiamento públicos em vigor”, a fim de “realizar uma análise evolutiva dos apoios e conhecer os impactos que provocam”.
A iniciativa é louvada pela Plateia na medida em que ajuda a contribuir para que a área da Cultura seja aquela em que o apoio estatal a entidades privadas é dos mais transparentes e exemplares em Portugal.
Todavia, ao folhearmos o boletim, não podemos de registar espanto por se terem omitido alguns números importantes.
Onde está a indicação do montante total de apoios às artes?
Onde está a indicação dos cortes no apoio às artes nos últimos anos - como os quase 23% de cortes em 2011 e 38% em 2012 - e que nunca foram repostos?
Onde está a indicação dos vários concursos de apoio às artes que não chegaram a abrir?
Onde está a indicação do corte de 15 milhões de euros previsto para 2014?
Porque é que se indica o número de estruturas apoiadas, mas não se indica o valor médio atribuído a cada estrutura?
Como é que é possível fazer uma “análise evolutiva dos apoios e conhecer o impacto que provocam” se não são referidos dados importantíssimos, como os montantes de financiamento médio e a sua evolução nos últimos anos? Ou sequer entender o impacto desse financiamento na sustentabilidade e qualidade dos projetos artísticos apresentados?
A informação é útil e importante quando é completa. Quando se fornecem apenas os números que são convenientes, deixa de ser informação e passa a ser propaganda.