O longínquo porto de abrigo da Cultura
Com a divulgação dos resultados definitivos dos apoios sustentados ao Teatro, encerrou-se o primeiro ciclo de apoios às artes segundo o novo modelo definido pela Direção-Geral das Artes.
São conhecidos os problemas apontados a esse modelo, que demorou mais de um ano a criar - a enorme carga burocrática, a desatenção às assimetrias regionais e entre estruturas artísticas, os valores extremamente baixos dos apoios, entre outros. Problemas que já tinham sido oportunamente apontados pelas organizações representativas do setor artístico.
É também conhecido o subfinanciamento crónico da cultura em Portugal, contra o qual as organizações, estruturas e artistas independentes se têm batido, e que o governo mostrou alguma abertura para tentar atenuar, mas estando ainda muito longe do que seriam os valores dignos de um país europeu, que encara a atividade cultural e artística como essencial para o seu futuro e para o seu papel no diálogo entre as nações.
Não nos esqueçamos que a comunidade artística foi capaz de se unir para lutar pela dignidade da cultura no nosso país, e que a nossa voz foi ouvida e tida em conta. Continuamos e continuaremos na vanguarda dessa luta e voltaremos à rua sempre que for necessário voltar para reivindicar o que nos une, a gritar as palavras e a arriscar os atos que possam transformar o espaço público onde a cultura vive e que a cultura transforma.
Por tudo isto, a PLATEIA neste momento olha o panorama que nos rodeia, vê o quanto há por fazer, a vulnerabilidade que ainda afeta o dinamismo cultural português, a lacuna cultural imensa que ainda pustula grande parte do território nacional e não pode deixar de levantar-se para lembrar: Senhor Primeiro-ministro, falta cumprir-se o programa de governo para a Cultura!